quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mercado Financeiro

Sua imaginação é o limite

21/out/2009
Categorias: Minha História

Norberto Giangrande Jr.

Desde pequeno, meus pais me ensinaram a guardar dinheiro. Tudo que sobrava da minha mesada ia para a poupança. Aos 10 anos, porém, tive contato com um tio que era dono de uma corretora de valores. Suas histórias despertaram minha curiosidade e, como sempre gostei de ler, comecei a acompanhar a página de finanças dos jornais que me pai assinava.

Lá pelos 14 anos, resolvi finalmente tirar todo meu dinheiro da poupança e investir em um fundo de ações, através de meu banco. Não tinha ideia do que era a Bolsa, mas sabia que um investimento em ações era de longo prazo. E olha que meu investimento inicial dava apenas para comprar um quarto de uma bicicleta!

Em tempos de inflação galopante, com taxas de juros de 80% ao mês, era difícil querer comprar uma ação. Mas como eu já tinha algum conhecimento de economia, sabia que o país não suportaria taxas tão altas por muito tempo. Já as boas empresas, essas sim, teriam uma perpetuidade maior. Afinal, para uma empresa crescer, ela precisa ter mais retorno do que a taxa de juros. Senão é melhor vender a empresa inteira e voltar o dinheiro para a poupança!

Depois de 4 anos de investimento na Bolsa, a economia deu uma subida muito forte com o começo do Plano Cruzado. Tinha acabado de entrar na faculdade, fui estudar em Piracicaba e queria comprar uma bicicleta. Saquei o dinheiro que estava aplicado em fundos. Dava pra comprar três bicicletas.

Na faculdade de Agronomia, comecei a ter contato com commodities agrícolas e, consequentemente, com o mercado de derivativos e futuros. Na cadeira de Economia Agrícola, havia muitas palestras da BM&F sobre o assunto. Quando me formei na pós-graduação em administração e já de posse de um MBA em finanças, fui parar no mercado financeiro.

Comecei a trabalhar em uma corretora, operando mercado de soja. Tinha um conhecimento prévio como curioso, mas foi lá que aprendi tudo de matemática financeira, operações estruturadas, opções, etc. Nunca fui um grande analista de empresas, mas me baseava em recomendações e deixava meu dinheiro aplicado em ações, sempre pensando no longo prazo.

O lado ruim de qualquer investimento de longo prazo, claro, é precisar daquele dinheiro. Em 1996, comprei 4 ou 5 ações por um preço médio ao redor dos seis reais. Eram como jóias pra mim! Só fui vender, com dor no coração, em 1998, quando saí da casa dos meus pais para montar a Link Investimentos. Mais tarde, alguns daqueles papeis chegaram a valer R$ 130,00. Eu podia ter ganhado uma fortuna, mas fui vítima da “perda momentânea de liquidez”, um dos piores inimigos de qualquer investimento a longo prazo. Nesta situação, você é obrigado a vender seus ativos ao preço que outros querem comprar, e não ao preço que você quer vender. Pelo menos, no caso de ações, o preço é transparente pois a Bolsa negocia todos os dias.

Meu plano era usar as minhas reservas para me manter nos primeiros meses da Link, até a empresa dar lucro e começar a distribuir resultados. No final das contas, demorou um ano e meio para fazermos nossa primeira distribuição de resultado, pois sempre tivemos a política de reinvestir boa parte de nossos lucros no nosso próprio negócio. Voltei a montar outra carteira só depois de uns 3 anos.

Aprendi que um investidor só enfrenta dificuldades no mercado de ações nas seguintes situações:

* Se comprar ações de uma empresa ruim. Afinal, caso aquela empresa venha a quebrar, o investimento vai virar pó.

* Se estiver especulando. Quando a pessoa visa lucro rápido, via de regra realiza um possível prejuízo em no máximo 2 ou 3 dias.

* Se apavorar em um momento de crise. De 2 em 2 anos, acontecem altos e baixos normais no mercado de ações. É preciso ter paciência.

Os dias ruins nos mercado de ações devem ser encarados como oportunidades únicas de aumentar seus investimentos, pois várias empresas podem estar sendo vendidas a preços bem baratos. Quem não tem dias ruins na vida pessoal? Todos têm, e eles passam. No mercado de ações, para boas empresas, é igual!

Durante a crise do ano passado, tivemos a maior participação de pessoa física da história, chegando a ser maior do que a de investidores estrangeiros. Depois de anos investindo no mercado de ações, o modo como você lidará com crises é o que vai incluí-lo no grupo de investidores de sucesso ou não. Muita gente aproveitou a oportunidade em 2008 e é esse comportamento que fará toda a diferença.

Se você aprender o que move os mercados, estudar e entender a estrutura das operações, com certeza vai se tornar um investidor bem sucedido. O mercado de ações é o único em que a sua imaginação é o limite. Só depende de você.

Um comentário:

  1. Particularmente acho um mercado muito fascinante porém tem que ter uma estratégia definida e seguí-la a risca. Descobrir seu perfil e baseado nisso montar sua estratégia.

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